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Ariadney Deodato

29 de outubro de 2025

Selinho na boca das crianças: afeto ou risco que normalizamos?

 | Jornal Acontece
Beijar é um gesto de afeto. Mas nem todo beijo carrega o mesmo significado. Beijos na boca são socialmente associados à intimidade erótica namoro, noivado, casamento e, por isso, eu preciso perguntar direto: você se imagina dando um selinho no seu irmão, no seu melhor amigo, no seu tio? A reação mais comum é um incômodo discreto ou mesmo um “não, claro que não”. Então por que, quando falamos de crianças, muitos normalizam esse gesto como se fosse natural e inofensivo?
 
Não estou aqui para envergonhar quem ama seus filhos. Sei que quem dá um selinho o faz com carinho e sem intenção de maldade. O ponto é outro: quando nós normalizamos que a boca uma zona erógena no adulto é um local aceitável de afeto entre adulto e criança, estamos, sem querer, reduzindo a capacidade da criança de notar quando um comportamento sexual é indevido. O problema não é o beijo em si; o problema é a aprendizagem que aquela criança terá sobre limites corporais e sobre o que é aceitável entre ela e um adulto que não é seu parceiro amoroso.
 
Grande parte dos casos de abuso sexual infantil acontece dentro do círculo de convivência da criança pessoas conhecidas, parentes, cuidadores. Estudos e investigações recentes mostram que a maioria das vítimas conhece o agressor e que uma parcela significativa dos agressores é familiar. Isso significa que o perigo muitas vezes não vem de um estranho, mas de alguém que acessa a rotina e a confiança do lar.  
 
Além do risco de confundir afeto com agressão, há uma questão prática de saúde: beijar bebês na boca pode transmitir vírus e bactérias perigosos para recém-nascidos e crianças pequenas (como herpes simples, RSV e outros), cuja imunidade ainda é frágil. Pediatras e instituições de saúde costumam alertar para evitar o contato oral direto com bebês, especialmente nos primeiros meses e durante surtos respiratórios. Há formas seguras de demonstrar carinho beijo na testa, beijo na bochecha, abraço, cafuné que protegem a saúde física e emocional da criança.  
 
Então, como conciliar afeto e proteção? Três orientações práticas para pais e cuidadores:
 
1.Respeite limites e dê exemplo. Se você não beijaria seu irmão ou amigo na boca, não normalize o selinho nas crianças. Mostre que carinho também passa pelo abraço, pelo toque afetuoso no cabelo, pelo olhar atento.
 
2.Ensine a criança a reconhecer e a dizer “não”. Desde cedo, ensine nomes das partes do corpo, que o corpo é dela/deles e que ninguém deve tocar onde a criança não quer. Ensine que existem favores de carinho que têm limites.
 
3.Estabeleça regras claras com família e visitantes. Diga com firmeza quais gestos você permite e quais não e mantenha a consequência se ultrapassarem o limite. Proteger é um ato de amor, mesmo quando dói na relação.
 
Não quero transformar afeto em paranóia. Quero responsabilidade. O selinho pode parecer só um gesto inocente, mas existe um contexto social, psicológico e sanitário que pede atenção. Você não é má mãe ou mau pai por desenhar limites; você é cuidadosa quando avalia risco e decide ensinar proteção.
 
Reflita: o que você prefere normalizar na vida dos seus filhos um gesto que pode confundir limites íntimos e facilitar estratégias de abuso, ou um cuidado que os ensine a reconhecer, respeitar e proteger o próprio corpo? O afeto verdadeiro não precisa da boca para ser sentido. Ele se manifesta em presença, escuta, olhar e segurança.
 
Seu filho pode passar beijar na boca de outras crianças na escola, pode aceitar selinhos de outros adultos que estão agindo na maldade, pode ser estimulado para jogos sexuais.
Nossa boca, é beijo nela, é afeto íntimo, individualista de “casal”, relacionamentos. 
Você não vê sua esposa, ou marido, dando selinho na boca do melhor amigo(a), por afeto, com normalidade, certo? Então devemos refletir nossos atos pela proteção das nossas crianças.
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