26 de junho de 2025
SP Offshore debate desafios e oportunidades para o setor de energia no Brasil

Licenciamento ambiental, gás natural e inovação tecnológica estiveram no centro dos debates da segunda edição do SP Offshore, realizada nesta quarta-feira (25), no Santos Convention Center. O evento reuniu mais de 1.300 participantes e reforçou o protagonismo de São Paulo na indústria de petróleo, gás e energia offshore.
Gargalos no licenciamento ambiental
Especialistas apontaram a falta de uma legislação nacional clara como um dos principais entraves para o avanço de novos projetos.
“Desde 1981, operamos com portarias e normas que geram incertezas. Para investidores, isso compromete prazos e segurança jurídica”, afirmou Francisco Bulhões, gerente de Relações Institucionais da PRIO.
Rafael Lyrio, coordenador do Comitê de Desenvolvimento do Offshore Paulista (CDOP), defendeu maior harmonia entre legislações federais, estaduais e municipais, além de mais diálogo com o setor privado antes da criação de novas regras. “A previsibilidade é o que sustenta um ambiente de negócios viável”, reforçou Rafael Torres, gerente da ABS.
Um avanço citado foi o Planejamento Espacial Marinho, que o Brasil deve concluir até 2030. “Seremos o primeiro país da América Latina a ordenar o uso do espaço marítimo de forma estruturada”, destacou Ana Lyra, da Ocean Pact.
Gás natural: entraves e perspectivas
O mercado de gás natural também foi pauta. Para Felipe Matoso, da Petrobras, e Mario Zanini, da Hoegh LNG, o Brasil ainda lida com preços elevados e baixa escala de consumo.
Apesar dos desafios, o setor apresenta potencial de expansão. A consultora Diana Obermüller, da EIC, estimou que a demanda por gás deve crescer 3,5% ao ano até 2034, desde que haja regras mais estáveis para atrair investimentos.
São Paulo sai na frente com sua infraestrutura: mais de 4 mil km de gasodutos e grande potencial para produção de biometano, segundo a subsecretária estadual de Energia, Marisa Barros. Ela também destacou políticas públicas como a isenção de IPVA para veículos movidos a gás.
Inovação transforma o setor offshore
A automação e o uso de inteligência artificial nas operações offshore ganharam destaque.
“Hoje, já conseguimos reduzir em até 40% a atuação humana com controladores virtuais e sistemas autônomos”, explicou Antônio Carvalho, da ABB.
Empresas como Saipem apresentaram tecnologias desenvolvidas no Brasil, como veículos submarinos autônomos com IA. O Senai-SP também anunciou a criação de um distrito tecnológico com mais de 500 profissionais e uma carteira de projetos de R$ 600 milhões.
Andrea Pontual Weydmann, do Cenpes (Petrobras), ressaltou o papel de São Paulo como polo nacional de inovação. “Temos mais de 200 contratos de pesquisa. O desafio é transformar ciência em produto”, disse. Para superar o chamado “vale da morte” da inovação, Petrobras e BNDES criaram um fundo de R$ 500 milhões para startups.
Estado se firma como polo offshore
Na abertura do evento, dois documentos estratégicos foram assinados: um memorando de entendimento entre Petrobras, Governo de SP, InvestSP e o Brazilian Energy Council (Brenc), além do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) que viabiliza o leilão para uma nova base offshore no Porto de São Sebastião.
Segundo a organização, o público da edição de 2025 quase dobrou em relação ao ano anterior. Para Fernanda Gomes, diretora do Brenc, isso mostra o interesse crescente do mercado:
“Temos campos que só poderão ser atendidos por estruturas paulistas. O setor quer crescer e está atento às oportunidades.”