15 de julho de 2025
FOMO e redes sociais: o impacto silencioso que ameaça a saúde mental dos adolescentes

A hiperconexão digital está afetando seriamente a saúde mental dos jovens. Segundo a OMS, o suicídio já é a terceira principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos — dado que acende um alerta sobre o sofrimento psicológico dessa geração.
Um dos fenômenos ligados a essa realidade é a FOMO (sigla em inglês para Fear of Missing Out – “medo de estar perdendo algo”), que provoca ansiedade constante por sentir-se excluído das experiências dos outros. A comparação contínua com as “vidas perfeitas” exibidas nas redes sociais tem gerado um ciclo de frustração, baixa autoestima e até transtornos como depressão, distúrbios alimentares e tentativas de suicídio.
De acordo com uma pesquisa da USP, 62% dos jovens brasileiros relatam tristeza ou ansiedade após longos períodos nas redes sociais, especialmente quando expostos a padrões inalcançáveis de beleza, sucesso ou estilo de vida.
A neuropsicóloga Adriana Sanged Durante, da ESAMC Jundiaí, alerta: “Muitos jovens passam a medir seu valor pessoal pela quantidade de curtidas ou seguidores, conectando autoestima à validação digital. Isso cria uma demanda emocional intensa e silenciosa.”
Ela destaca que, por trás do uso excessivo das redes, existe um afastamento das conexões reais: “A tela dá uma falsa sensação de vínculo. Muitos acreditam estar conectados, mas estão cada vez mais isolados.”
A especialista recomenda limites de tempo de tela e mais incentivo a interações presenciais, como esportes, arte e convivência familiar. Terapias como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) também ajudam a ressignificar a autopercepção e a reduzir a dependência digital.
Além disso, um ambiente familiar acolhedor, com apoio emocional e limites saudáveis, pode ser decisivo no combate aos efeitos da FOMO. Práticas como meditação, atividades offline e sono regulado também são aliados no resgate do equilíbrio emocional.
Recentemente, o STF decidiu que redes sociais podem ser responsabilizadas por conteúdos prejudiciais. Para Adriana, esse é um passo importante, mas ainda lento: “As plataformas exercem enorme influência sobre o comportamento dos usuários, especialmente os mais jovens. A regulação precisa acompanhar essa realidade com mais agilidade.”