Um pastor foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nesta terça-feira (28) acusado de estuprar e torturar as próprias filhas e enteados menores de idade. A prisão aconteceu durante a Operação Falso Profeta, deflagrada no Recanto das Emas. Os crimes teriam ocorrido entre 2010 e 2018, quando as vítimas tinham entre 6 e 7 anos.

Investigação da 27ª DP revelou anos de violência encoberta pela fé

Segundo a Polícia Civil, o homem, que pregava em uma igreja de Santo Antônio do Descoberto, usava o discurso religioso para intimidar as vítimas e esconder os abusos. Ao ser informado sobre o mandado de prisão, o suspeito tentou tirar a própria vida no local de trabalho, mas foi socorrido e preso em uma UPA de São Sebastião.

De acordo com o delegado Alexandre Godinho, da 27ª DP, a prisão encerrou um ciclo de violência que durou quase uma década.

“O autor explorava a fé e o vínculo familiar para cometer os crimes e tentar se manter impune. A investigação reuniu provas suficientes para responsabilizá-lo”, afirmou o delegado.

As vítimas só conseguiram denunciar neste ano, após uma delas ser acolhida pelo Conselho Tutelar do Recanto das Emas, que prestou apoio jurídico e psicológico. O medo, a falta de informação e a pressão dos familiares paternos dificultaram as denúncias por anos.

Ao todo, quatro menores relataram abusos. Segundo depoimentos, os crimes ocorriam tanto quando o pastor estava sóbrio quanto sob efeito de drogas e álcool. Três das quatro vítimas foram estupradas — entre elas, duas filhas e uma enteada. Em alguns casos, o acusado obrigava as crianças a testemunharem os atos de violência.