Prestes a completar três anos desde o guinchamento do contêiner e furto do cenário e equipamentos do espetáculo Vila Parisi, o Coletivo 302, grupo idealizador da encenação, recebe indicação ao 33o Prêmio Shell de Teatro na categoria “Energia que vem da gente”.

O Prêmio Shell de Teatro foi criado em 1988 e é a mais tradicional premiação da cena teatral brasileira, contemplando artistas e espetáculos de melhor desempenho nas temporadas teatrais do Rio de Janeiro e de São Paulo. A indicação veio após o grupo ter participado pela segunda vez consecutiva do MIRADA – Festival Ibero Americano de Artes Cênicas, produzido pelo SESC São Paulo e que recebeu obras vindas da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, Equador, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela.

A categoria “Energia que vem da gente”, traz indicações que premiará iniciativas com impacto social positivo, visando reconhecer a criatividade dos artistas e o resultado gerado no entorno e na sociedade brasileira.

Essa é a primeira vez que um coletivo da Baixada Santista é indicado ao prêmio e de acordo com a comissão, a menção ao grupo vem pela valorização da ancestralidade em Cubatão, pela reflexão sobre a herança socioambiental da época em que era a cidade mais poluída do mundo, que é expressa de maneira contundente no espetáculo Vila Parisi.

O Coletivo 302 é um grupo artístico e de pesquisa que tem como foco o território, as memórias e a ancestralidade do seu local de atuação. Fundado em 2014, o grupo desenvolve suas atividades a partir de processos colaborativos, criando espetáculos teatrais, intervenções em espaços públicos, exposições em artes visuais, música, dança, performance, eventos culturais, ações sociais, ambientais e educativas. Fundou em 2017 e participa da gestão
compartilhada do Galpão Cultural, ponto de cultura localizado dentro do Parque Anilinas em Cubatão, que abriga e desenvolve diversas atividades do próprio grupo e de outros articuladores da região.

O espetáculo Vila Parisi faz parte de um projeto de trilogia, que o grupo pretende dar continuidade contando as histórias da Vila Socó, bairro de Cubatão que em 2024 completará 40 anos de uma das principais tragédias industriais do Brasil e da Vila Fabril, uma centenária vila operária que encontra-se inativa e em estado de deterioração.

“A indicação ao prêmio é importante para o coletivo pelo reconhecimento que ele trás a pesquisa do grupo através do espetáculo Vila Parisi, que foi construído e depois reconstruído por muitas mãos, parcerias e apoios e que faz parte de um movimento teatral resistente da região.

É poder celebrar nossa trajetória de grupo, que está comprometida em criar outros imaginários para o presente, dando visibilidade às histórias não contadas que constroem a memória do nosso lugar e do nosso povo, hoje ocupada por migrantes e seus descendentes, sobretudo nordestinos e mineiros, que povoaram esse vilarejo no sonho de uma cidade do futuro” – Explica Sander Newton, um dos fundadores e integrante do Coletivo 302.

A premiação acontece em 21 de março e o anúncio dos vencedores é possível conferir no site shell.com.br na sessão Sociedade e Meio Ambiente. O grupo concorre com outras cias como a “Éssa Companhia de Teatro”, “Cia Mungunzá de Teatro”, “CATS” – Coletivo de Artistas Transmasculines, “Rede de Leituras” e “Os Satyros”. Para saber mais sobre o trabalho do 302 acesse o site coletivo302.com ou as redes sociais @coletivo302.