Durante décadas, no calçadão da praia, na Vila Mirim, em Praia Grande, ela estava lá: no seu vestido azul, com detalhes branco; ponto de referência e encontros para adeptos, principalmente de religiões de matriz africana como umbanda e candomblé, de todo o País.

Mas há uma semana, depois da restauração feita pela Prefeitura, o azul sumiu e, agora a Iemanjá da Praia Grande é peculiar: toda branca.
Desde então fiéis estão se manifestando, sob o argumento que a alteração fere o sincretismo religioso e a ancestralidade. O principal argumento para criticar a ação da Prefeitura é que o edital que divulgou a reforma, não considerava a alteração da cor, o que certamente teria gerado protestos antes da realização da obra.

Protesto

Pais e mães de santo de várias cidades da região organizaram um protesto na manhã desta terça-feira, em frente à Câmara Municipal da cidade. Eles sentem como ‘um duro golpe’, o fato da mudança de cor não ter sido prevista em edital e da ‘novidade’, ser apresentada bem às vésperas das comemorações de Iemanjá, quando o local recebe uma grande quantidade de religiosos e turistas.

Parte do calendário estadual de Turismo, os Festejos de Iemanjá acontecem oficialmente há mais de 50 anos no local, sempre em dois finais de semana na faixa de areia da praia. Sendo o primeiro final de semana na Mirim, e o segundo da Mirim até o Caiçara.

Outro lado

A nota a Prefeitura explicou que: “a revitalização da Estátua de Iemanjá na Mirim, remete ao padrão original de sua inauguração em 1976, com uma pintura especial de suas vestes em epóxi na cor branca e foi feita pelo artista Antônio Miguel de Almeida.

O projeto de revitalização contempla a história da imagem na Cidade, que foi doada à Municipalidade pelo Superior Órgão de Umbanda durante o governo do então prefeito Leopoldo Estásio Vanderlinde. Na época da doação, a estátua possuía as vestes na cor branca.

Uma iluminação com pontos de LED focados nas vestimentas da divindade dará um toque singular ao monumento. O entorno também ganhará nova iluminação, destacando ainda mais o ponto turístico”.

De acordo com o coordenador geral da União de Tendas de Umbanda e Candomblé do Brasil, Ogan Juvenal, o projeto de revitalização remete à origem do monumento. “Represento a entidade que doou a imagem e desde
o início era toda branca. Anos depois um dos nossos colaboradores passou a colorir os detalhes da obra e os visitantes do local se acostumaram assim. Essa imagem representa uma ilustração brasileira de Iemanjá baseada no relato de um médium brasileiro, dessa forma, entendemos que não ofende os princípios da religião”, relata.