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Jornal Acontece

13 de outubro de 2020

Comida é a melhor vacina

 | Jornal Acontece

“Quando um pobre morre de fome, não é porque Deus não cuidou dele. É porque você nem eu quisemos dar a ele o que ele precisava” – Madre Teresa de Calcutá

Criado em 1961, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU acaba de ganhar o Prêmio Nobel da Paz, pela atuação humanitária que, só em 2019, alcançou 88 países num ano no qual foi registrado um dos maiores números de vítimas de fome aguda no mundo. São 135 milhões pessoas, em grande parte impactadas por guerras e conflitos armados, problema agravado pela crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19.

Nobre, eficaz e absolutamente necessário, não chega a ser surpresa esse reconhecimento mundial ao PMA, que foi o instrumento que a comunidade internacional escolheu para elevar o combate à fome e à miséria extrema ao centro das atenções do cenário mundial. A atitude simbólica e bastante significativa dá um impulso considerável no sentido de colocar o combate à fome não só na pauta das nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, mas também na dos países mais ricos, que precisam ser inseridos nessa discussão.

Ao levantar a bandeira do combate à fome, o Nobel da Paz se une à mais recente encíclica do Papa Francisco, que, neste mês de outubro, enalteceu, perante líderes católicos e fiéis, a necessidade de líderes políticos de todo o planeta se unirem em torno de uma eficaz solução para acabar com a fome, definindo a alimentação como um direito inalienável.

É recompensador constatar que nos últimos anos Guarujá esteve no caminho certo ao encampar com veemência a luta pela garantia de segurança alimentar às pessoas em situação de vulnerabilidade social. A começar pela reativação do Fundo Social de Solidariedade, em 2017, e a efetivação de diversas parcerias, eventos e ações com diferentes entes da sociedade civil organizada, que resultaram na aquisição de dezenas de milhares de cestas básicas, distribuídas a 80 entidades assistenciais e também diretamente a famílias.

É graças à ação emergencial do Fundo Social de Solidariedade, aliada às políticas de desenvolvimento social geridas pela Prefeitura, que o Município tem conseguido atender quem foi diretamente abalroado pelas duas grandes catástrofes que se abateram sobre a cidade seguidamente em 2020: a tempestade de março, que causou deslizamentos em morros e desalojou famílias em diferentes bairros, e a pandemia, que em todo o País forçou o desaquecimento da economia e o consequente fechamento de inúmeros postos de trabalho.

Como bem frisou a presidente do comitê norueguês do Prêmio Nobel, Berit Reiss-Andersen, a necessidade por solidariedade internacional é mais importante do que nunca. Na cerimônia, Andersen também foi feliz ao citar declaração do próprio programa da ONU, dizendo que até que tenhamos uma vacina – contra o coronavírus –, comida é a melhor vacina contra o caos. É essa a receita infalível: comida e solidariedade.

 

Edna Mota Suman, advogada e ex-presidente do Fundo Social de Solidariedade de Guarujá

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