24 de setembro de 2024
Depois de sucesso no ‘Mirada’, Coletivo 302 inicia temporada de ‘Vila Socó’
Depois do grande sucesso no Festival Mirada, do Sesc São Paulo, o Coletivo 302 inicia neste final de semana as apresentações da temporada regular do espetáculo “Vila Socó”. A encenação será realizada sempre aos sábados e domingos, a partir das 18h, nos dias 21, 22, 28 e 29 de setembro e 05, 06, 12, 19, 20 e 26 de outubro. A encenação itinerante percorrerá as ruas da Vila São José, em Cubatão, com início na Praça da Cidadania (Av. Tancredo Neves, 552).
A programação é gratuita, mas haverá a arrecadação de brinquedos como ingresso solidário. Eles serão destinados às crianças da Vila São José, como contrapartida do Coletivo 302 aos moradores do bairro, em agradecimento por toda a colaboração para a realização do espetáculo.
Bairro operário de Cubatão, a Vila Socó, hoje denominada Vila São José, foi destruída em um incêndio há 40 anos, na madrugada de 24 para 25 de fevereiro de 1984, após o vazamento de aproximadamente 700 mil litros de gasolina de dutos subterrâneos instalados sob o terreno, resultando na morte de dezenas de pessoas e animais, naquela que foi considerada a principal tragédia industrial do Brasil e um dos maiores incêndios do País.
Esse fato é o ponto de partida do espetáculo do Coletivo 302, que se debruçou sobre arquivos e entrevistas com pessoas da comunidade durante o processo criativo que durou cerca de 10 meses. Última parte da trilogia Zanzalá, que resgata narrativas de três bairros operários da cidade (Vila Parisi, Vila Fabril e Vila Socó), a obra percorre as ruas e memórias da vila. Mergulhando entre suas frestas e becos, o público acompanha um menino em busca de reencontrar a família nos rastros da lama, da cal e do tempo.
Durante todo o processo, foi utilizado o conceito teatral site-specific, em que o grupo utiliza a própria região que será retratada como ponto de partida para a criação dramatúrgica, cenográfica e de outros elementos da obra. “É uma obra criada especialmente para esse local, que sofreu um grande incêndio há 40 anos e que desde então passou por muitas mudanças desde então. O público participa ativamente da narrativa, interagindo com o espaço, personagens e suas histórias. A peça é itinerante, desenvolvendo-se pelas ruas, praça e memorial dedicado aos mortos do incêndio”, explica Douglas Lima, Diretor e encenador do espetáculo.
O objetivo do Coletivo 302 é reviver e refletir sobre essa história através do teatro, aguçando sentidos, memórias e criticidade com sons, cheiros e outras sensações. A Vila é protagonista da narrativa, e elementos visuais, como tecidos e objetos, destacam pontos da história.
“O nosso processo de pesquisa incluiu pesquisas de documentos e publicações da época, mas principalmente por meio de entrevistas e depoimentos dos moradores ou pessoas que tenham histórias sobre o território ou tema abordado”, diz Allana Santos, atriz. “Assim estabelecemos uma relação de proximidade com a comunidade, possibilitando que a narrativa seja contada através da visão popular, dando voz aos moradores e criando um registro da memória e história da cidade”, completa.
O espetáculo “Vila Socó” é um projeto produzido pelo Coletivo 302 em parceria com a Esquadrilha Marginalia de Teatro de Rua, uma realização da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo através do PROAC – Programa de Ação Cultural, apoio da Prefeitura Municipal de Cubatão e Galpão Cultural.