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13 de junho de 2023

Espetáculo “quando mataram os meus tem sessões em Cubatão

 | Jornal Acontece

APÓS ESTREIA EM SANTOS [SP], ESPETÁCULO QUANDO MATARAM OS MEUS TEM SESSÕES EM CUBATÃO NESTE FIM DE SEMANA [16 E 17/6]

 

     Escrito pela atriz Maria Sil e pela diretora Miriam Vieira, monólogo reflete sobre 100 anos de enlutamento e negligências no Brasil, desde a memória oral ribeirinha até a pandemia da Covid-19, passando pela Ditadura Militar

 

Ao entrelaçar histórias que marcam quase 100 anos de enlutamento não humanizado de grande parte da população brasileira, o espetáculo teatral Quando Mataram Os Meus”, interpretado por Maria Sil e dirigido por Miriam Vieira – que juntas assinam a dramaturgia – traz ao palco uma reflexão sobre o racismo estrutural, a desigualdade social e a incessante busca por justiça destas famílias e comunidades, em sua maioria periféricas.

 

Após sua estreia em Santos (SP) no último fim de semana com duas sessões esgotadas no Teatro de Arena Rosinha Mastrângelo, o espetáculo estará em cartaz nesta sexta-feira e sábado, dias 16 e 17 de junho, no Teatro do Kaos, em Cubatão (SP).

 

A curta temporada na Baixada Santista ainda terá outras duas apresentações em São Vicente (SP), nos dias 24 e 25 de junho, no espaço Equipe Plataforma.

 

Todas as apresentações são gratuitas, mediante retirada de ingressos uma hora antes da sessão, nos respectivos locais, ambos com 60 lugares. A classificação etária é 16 anos e, após cada apresentação, haverá um bate-papo do público com a atriz e a diretora.

 

O projeto foi contemplado pelo Programa de Ação Cultural – ProAc nº 01/2022, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Governo do Estado de São Paulo.

 

O ponto de partida da montagem remete às comunidades ribeirinhas brasileiras da década de 1930. Ao lembrar que na época os velórios ocorriam nas próprias casas, a atriz recria uma de suas primeiras memórias afetivas – a relação com a própria avó, lavradora rural, empregada doméstica e vendedora de temperos e bananas.

 

“Ela contava que na comunidade em que morava, sempre que alguém estava para morrer, outra pessoa avistava a morte sobre as águas. Dizia que a morte vinha de canoa, pelas águas do Rio Ribeira”, resume.

 

Dentre os temas trazidos à cena pela obra, o olhar sobre as mortes por Covid-19, em especial da população negra, assume um papel central. Segundo dados do Mapa da Desigualdade de 2021, publicado pela Rede Nossa São Paulo, negros morreram mais pela doença, mesmo nos bairros mais ricos da capital paulista.

 

Para tanto, Maria Sil, uma travesti branca, reflete sobre a perda da mãe, Vani dos Santos, mulher preta, vítima da pandemia da Covid-19, em meio à desinformação e negligência então praticadas pelo Estado brasileiro. Ao tentar compreender o próprio luto a partir de uma estrutura de racismo que não era discutida dentro de casa, pelo privilégio de sua pele, ela revive uma situação que se repete em milhares de lares miscigenados brasileiros.

 

“Você não vê como a cara dela está boa?”. A frase que ecoa na memória de Maria Sil foi dita pela médica que realizou o primeiro atendimento de sua mãe. Aos 69 anos, hipertensa e com 50% dos pulmões comprometidos, Vani dos Santos sequer foi medicada, sob a justificativa de “boa aparência”. Horas depois, naquela mesma noite, o comprometimento dos pulmões já estava em 60% e ela foi internada na UTI.

 

“Maria Sil é uma contadora de histórias que se relacionam a partir de um retrato de luto profundo, particular, mas que se revela universal. O simbolismo das perdas de um período como o da Covid-19, por exemplo, é imenso: os pretos e pardos, maioria no país, também foram maioria nas mortes pela doença”, comenta  Miriam Vieira.

 

A diretora do espetáculo, por sinal, também tem um momento de sua trajetória pessoal resgatado em cena: a perda de um irmão em circunstâncias não esclarecidas, durante a Ditadura Militar. Tempos depois, ela descobriria sua ligação com o movimento estudantil.


“Eu tenho três combinados com os meus ancestrais:
o primeiro é não enlouquecer. O segundo é fazer justiça.
O terceiro é que não vão me matar. Todos os dias eu repito: não vou enlouquecer, vou fazer justiça, e não vão me matar”.
 (Trecho da cena de abertura do espetáculo)

 

Referências – Ao endossar a urgência da dramaturgia e o ineditismo de um olhar cênico aprofundado sobre os efeitos da pandemia da Covid-19, as idealizadoras de “Quando Mataram Os Meus” buscaram inspiração para o trabalho em alguns textos..

 

Entre eles estão a pesquisa Mapa da Desigualdade de 2021, publicada pela Rede Nossa São Paulo, e o artigo Da Necropolítica à Ikupolítica, veiculado pela Revista Cult em 2020, que atribui ao pensador camaronês Achille Mbembe a definição de necropolítica como “um modo de gestão das populações que se instaura em nossos tempos, marcado por um persistente encontro entre as relações políticas, culturais e econômicas sob uma sombra racial, subjugando a vida aos poderes da ‘morte’”.

 

Também foram referências para o espetáculo duas obras literárias: “Encantamento: sobre política de vida”, de Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino, e “Filosofias africanas: Uma introdução”, também de Simas, este em co-autoria com Nei Lopes.

 

Transversalidade e esperança

 

O espetáculo se desenvolve em três estações cênicas, ilustradas por painéis que trazem referências à ancestralidade, ao enxergar a si próprio e a uma estação hospitalar.

 

Cada um deles serve à narrativa interpretada por Maria Sil, que busca a transversalidade não só entre o ficcional e o documental, mas também entre o teatro e a música, apresentando três canções autorais no palco: “Bala na Garganta”“Medo Azul” (em parceria com Socorro Lira) e “Águas”. A montagem conta com a direção musical do DJ Cuco.

 

Assim, ainda que tenha o luto como fio condutor, “Quando Mataram Os Meus” revela-se também um manifesto em favor da esperança, da dignidade, do amor em sua mais pura personificação e da vida em sua plenitude.

 

Somos a força de uma água que escorre, e carrega laços, amores, famílias, ancestralidade. Aqui tem arte. Aqui tem justiça”,  reafirma o texto do espetáculo, cuja equipe é formada em sua maioria por representantes das populações negras e LGBTQIA +.

 

 

Maria Sil – É produtora cultural, cantora e atriz. Atuou no monólogo “Hamlet no espelho”, em 2014/2015, através do Núcleo de Artes e Engenharias da Universidade Federal de Pelotas. Como cantora, já se apresentou no SESC Pompeia, em São Paulo, e em diversos palcos de cidades como Santos e São José dos Campos.

 

Miriam Vieira – Atriz, diretora de teatro, produtora cultural e ativista cultural. Entre seus trabalhos dirigidos/produzidos, estão: “Benjamim – O Filho da Felicidade Felicidade”, Cia Trilha de Teatro; “A Superfantástica Caixa de Brinquedos”, Cia Teatral Cenicomania; “Conexões – Show Musical com Roberto Barquete” e “As cartas que você mandou pra mim…”, intervenção teatral SESC/Santos.

 

 

FICHA TÉCNICA | “QUANDO MATARAM OS MEUS”

Dramaturgia
: Maria Sil e Miriam Vieira
Interpretação e composição*: Maria Sil
Direção: Miriam Vieira
Direção Musical:  DJ Cuco | Orientador de Dramaturgia: Ronaldo Fernandes
Assistente de direção e preparador corporal: Alê Almeida
Desenho de luz: Matheus Lípari | Cenografia, maquiagem e figurino: Tairone Porto
Identidade visual e redes sociais: Hugo Vicente
Preparador vocal: Eduardo da Silva Soares  | Produção executiva: Danilo Tavares
* A canção “Medo Azul” foi composta em parceria com Socorro Lira.
Classificação etária: 16 anos.
Projeto contemplado pelo Programa de Ação Cultural – ProAc nº 01/2022, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Governo do Estado de São Paulo.

 

 

SERVIÇO

 

CUBATÃO

16 e 17 de junho (sexta-feira e sábado), 20h

Local: Teatro do Kaos
Endereço: Praça Joaquim Montenegro, 34, Sítio Cafezal.

Retirada de ingressos com uma hora de antecedência. 60 lugares.

 

SÃO VICENTE

24 e 25 de junho (sábado e domingo), 20h

Local: Equipe Plataforma
Rua Vereador Diego Pires de Campos, 121, Vila São Jorge.

Retirada de ingressos com uma hora de antecedência. 60 lugares.

 

 

Fonte:Lúcio Nunes
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