26 de outubro de 2022
Idosos criam jogos eletrônicos e garantem mais qualidade de vida
Mais do que desenvolver um jogo eletrônico, estimular habilidades como memória, lógica, planejamento e concentração, além da socialização entre idosos. Assim pode ser definido o Cérebro Ativo, programa promovido pela Prefeitura de Santos em parceria com a International School of Game (Isgame).
Com uma aula semanal de 1h30 de duração, realizada pelo professor Fábio Ota no Parque Tecnológico (Vila Nova), os idosos 60+ desenvolvem, de forma individual, um game de lógica e raciocínio. Utilizam um software profissional para criação de jogos, construindo cenários e situações diversas, como fugir de um inimigo ou ultrapassar uma barreira, por exemplo.
Cada aluno estiliza seu game, com personagens, formas e cores próprias, criando assim um jogo único. Ao término de cada atividade, um café em sala de aula ainda promove a socialização entre os gamers 60+, tanto para debater o que foi aprendido, quanto para um bate-papo descontraído entre os novos amigos.
“O nosso objetivo não é desenvolver um game melhor ou pior, bonito ou feio. O principal objetivo é ativar o cérebro de diferentes formas, além de promover amizades e a socialização entre os idosos. Costumo dizer que aqui é uma academia de ginástica cerebral”, ressaltou o professor Fábio Ota.
A metodologia aplicada na aula também trabalha, de forma indireta, a prevenção do Mal de Alzheimer. Estudos apontam que atividades como a do Cérebro Ativo postergam o surgimento da doença, reduzindo inclusive os danos causados pela enfermidade.
Embora as aulas tenham sido iniciadas em agosto e tenham previsão de término em novembro, os jogos poderão ser aperfeiçoados ao longo de 2023, mesmo com abertura de novas turmas, segundo Ota. Atualmente o programa conta com quatro turmas, com 15 alunos cada.
ALUNOS
Entre os novos desenvolvedores de games está o aposentado Luizio Gallardo, de 64 anos. Após 42 anos trabalhando em uma indústria química, em Cubatão, o morador da Ponta da Praia agora prioriza cuidar do corpo e da mente.
“Descobri o Cérebro Ativo com amigos de um grupo de surfe stand-up, que também é da Prefeitura. Santos é uma cidade que traz muita oportunidade para os idosos. Estou adorando aprender como se constrói um jogo eletrônico, além de fazer novos amigos. É maravilhoso aprender tanta coisa nova”, ressaltou.
Já Eliete Moblize, 68, é uma apaixonada pelo mundo dos jogos eletrônicos. Ela, que sempre vivenciou o tema entre seus familiares, não pensou duas vezes para se inscrever nas aulas. Eliete acredita que os games trazem muitos benefícios à saúde. “Gosto muito de computador e videogame e sempre joguei com as minhas netas. Sinto, inclusive, que o meu nível de concentração no dia a dia melhorou depois que iniciei as aulas. Acredito que pelo fato de focarmos em cada detalhe da construção do jogo”, explicou a moradora do bairro Gonzaga.
EXPANSÃO
Para participar das turmas deste ano, os alunos tinham que ter alguns pré-requisitos como saber utilizar e-mail, programas de edição de texto e pesquisas na internet, além de ter familiaridade com o aplicativo Cérebro Ativo, disponível na App Store e Play Store.
A partir de 2023, a ideia do programa é expandir sua atuação, sem a exigência de idosos com conhecimento em internet. A execução e os resultados do Cérebro Ativo são acompanhados pela Coordenadoria Municipal de Políticas para a Longevidade (Copol) e vão ajudar na formulação de políticas públicas para idosos em Santos.
