Luigi Di Vaio

 

João Panicacci acordou cedo neste sábado (8). Olhou pela janela, viu o tempo bem nublado, com grande probabilidade de chuva. A temperatura não estava nada convidativa. Mas nem isso impediu o morador do Embaré, de 65 anos, de sair da cama e ir para a Ponta da Praia, em Santos, onde, juntamente com o grupo do projeto Mar para Todos, encararia as ondas. Ele tem baixa mobilidade e enfrentou o mar graças a uma cadeira adaptada, de alumínio e com duas boias. O mar foi sua companhia no Sábado de Aleluia.

 

Panicacci estava sem entrar no mar havia quatro anos. A barreira foi rompida na semana passada. O contato com o mar melhorou sua mobilidade durante a semana. O tempo feio na manhã deste sábado não representava problema. Decidiu que o contato com a água salgada era mais importante. E assim foi ele para a água.

 

Sorridente, Maria Rodrigues Teixeira, 54 anos, não conseguia ficar parada nas areias. Cadeirante há quatro anos, ela desfilava em uma bicicleta adaptada, com o vento no rosto indo de lá para cá, de cá para lá, sem parar – tal como uma criança que acabara de ganhar uma bicicleta. A alegria da mobilidade se deu graças ao projeto Empresto Minhas Pernas.

 

Maria Rodrigues ficou cadeirante devido a uma doença autoimune que atingiu sua medula. Passou por momentos terríveis ao descobrir sua nova realidade. Chegou ao dilema: se apegar a uma vida de reclamações e lamúrias ou tentar ter uma vida normal? Tomou a segunda opção como decisão de vida e hoje ela corre, nada e pedala. Graças a parcerias como a Empresto Minhas Pernas, a vida de Maria Rodrigues voltou ao normal.

 

 

PROJETOS COMPLEMENTARES

E não só a dela. Como explica o presidente da OS Empresto Minhas Pernas, Stefan Klaus, a iniciativa reúne cerca de 200 pessoas, entre atendidos e voluntários. A ideia de propiciar mobilidade para todos começou em janeiro de 2016. “Queríamos que todos saíssem de casa. Então, percebemos que havia uma demanda enorme. Uns queriam caminhar, outros queriam entrar no mar ou pedalar”. E assim o projeto foi crescendo. “Temos hoje desde crianças, a adultos e idosos também”.

 

Já o “Mar para Todos”, conforme explica Rosival Santa Cruz, é considerado o único projeto no mundo que permite às pessoas com deficiência compartilharem experiências em mar aberto. “A prioridade é a segurança. Sempre estamos com guarda-vidas em nossas atividades”.

 

ONDE ENCONTRAR

Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho das duas iniciativas basta chegar aos sábados, das 9h às 12h, na barraca montada do Empresto Minhas Pernas e do Mar para Todos, na faixa de areia junto à mureta do Canal 6.