13 de outubro de 2022
Já pensou em se tornar uma família acolhedora de Santos?
Rosana Rife
Tem mais de 18 anos? Mora em Santos? Gostaria de ajudar crianças e adolescentes? Se respondeu sim a estas três perguntas, você preenche os requisitos iniciais para participar do Família Acolhedora, serviço de acolhimento da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), da Prefeitura.
O programa consiste em receber casa, temporariamente, bebês, crianças e adolescentes (até 18 anos incompletos) afastados do núcleo familiar, por meio de determinação judicial, por estarem em situação de risco. Desta forma, evita-se que eles sejam levados a abrigos, reduzindo o impacto de uma institucionalização.
Atualmente, o Município possui oito famílias cadastradas e capacita outras cinco para integrar o programa. A meta é chegar a, pelo menos, 20.
“Os benefícios para as crianças acolhidas são enormes. Elas têm o cuidado individual. Melhoram o desempenho na escola e em atividades esportivas. Por isso, estamos fazendo um trabalho para que as crianças maiores também sejam mais acolhidas pelas famílias”, explica a psicóloga da Seds, Biancha Meneguim Pereira Bordinhon.
REQUISITOS
Não há exigências referentes a estado civil ou a gênero nem sobre renda familiar para participar do programa. Só que existem alguns requisitos importantes, como ter disponibilidade de tempo e afeto para distribuir a crianças e adolescentes. É preciso ainda estar bem de saúde física e mental, não ter antecedentes criminais nem fazer parte de lista de adoção, além de contar com uma rede de apoio.
“Uma pessoa que mora sozinha pode ser família acolhedora desde que tenha uma rede de apoio, com alguém para contar. Porque, se acontece algo com ela, como ficará a criança? Então, precisa ter um respaldo”, informa Biancha.
MUITO AMOR
A dona de casa Edileuza Andrade, 53 anos, já recebeu em casa dois bebês e um grupo de três irmãos. Atualmente acolhe dois meninos, de 8 anos e 13 anos. A ideia de fazer parte do Família Acolhedora surgiu a partir de uma amiga que apresentou o programa.
Com perfil agregador, Edileuza decidiu participar junto com as filhas Jeizza, 27 anos, e Fabiana, 21. “Gosto muito de criança e minhas filhas também. A gente costumava ficar em casa com filhos de vizinhos ou conhecidos que tinham algum problema ou estavam doentes. Então, o programa combinava com a nossa família. Daí resolvemos abraçar a causa”, conta Edileuza.
Para ela, dar suporte a crianças e adolescentes que enfrentam problemas familiares é mais que um gesto de solidariedade, é um grande aprendizado. “É muito bom. Estou ajudando um pouquinho e, ao mesmo tempo, eles estão me ajudando, porque preenchem meu tempo com amor e carinho”.
ACOLHIMENTO
Já a jornalista e pedagoga Camila Micheletti, 43 anos, viu um post nas redes sociais apresentando o Família Acolhedora. A partir daí, buscou mais informações, tirou dúvidas e se encantou pela iniciativa.
“No início eu tinha um pouco de falta de conhecimento. Achava que: como você vai dar um mundo encantado para a criança e depois vai tirá-lo? Depois entendi que a proposta é dar o acolhimento no momento em que a criança mais precisa”.
Como pedagoga, ela explica que a primeira e segunda infâncias são os períodos mais importantes para uma pessoa. Tudo o que for construído neste momento ficará para a vida toda.
Depois de cumprir as etapas e ser aprovada pelo grupo gestor do programa, Camila está na expectativa para acolher a primeira criança. Tanto que começou a pintar o quarto para deixar tudo pronto para o que considera um grande momento. “Já pensei em adoção, mas percebi que eu mudaria a vida de uma criança. Com a Família Acolhedora, posso impactar positivamente a vida de muitas crianças”.
ETAPAS
Em média, o processo de cadastramento do programa dura três meses. O interessado deve ligar para a Seção Família Acolhedora (telefone 3251-9333) e agendar uma entrevista para análise de perfil.
Depois, será feita uma visita à casa do candidato para conhecer os familiares e confirmar se todos estão de acordo em acolher a criança ou adolescente. Os candidatos aprovados pelo grupo gestor do programa realizam oficinas, com seis módulos, em média, que visam repassar orientações sobre cuidados com os acolhidos e os serviços municipais disponíveis para as crianças e adolescentes.
É preciso apresentar documentos como RG, CPF, antecedentes criminais, atestado de saúde física e mental do casal, por exemplo. Todo o processo é acompanhado pelo Poder Judiciário.
A Família Acolhedora recebe R$ 1.151,00 para auxiliar nas despesas da criança. O tempo de acolhimento dependerá do processo judicial de acolhimento da criança. No final do prazo, se houver condições, eles retornam à família de origem; caso contrário, seguirão para a adoção.
“O vínculo familiar é muito importante. A nossa intenção é de que as crianças retornem às suas famílias de origem desde que os pais ou parentes estejam em uma dinâmica familiar saudável. O acolhimento é um tempo para que os familiares estejam prontos para recebê-los de volta”, explica a psicóloga Biancha.
Critérios para participar
• Morar em Santos
• Ter mais de 18 anos
• Possuir disponibilidade de tempo
• Dedicação e afeto com crianças e adolescentes
• Não estar incluído no Sistema Nacional de Adoção
• Não ter antecedentes criminais
• Estar em condições físicas e psicológicas
• Todos os membros da família precisam aceitar o acolhimento.
CONTATO
Endereço: Avenida Dino Bueno, 16, Ponta da Praia
Telefone: 3251-9333
Atendimento: segunda a sexta, das 9h às 17h.