09 de março de 2018
Leitura
Paixão pela leitura une a história de duas mulheres
Maria Lopes dos Santos, 91 anos, e Eliana Cuqui, 53 anos, duas mulheres apaixonadas por livros tiveram suas vidas ligadas justamente dentro de uma biblioteca, neste caso a Mário Faria, que funciona desde 1993 no Posto de Salvamento 6 (Praia da Aparecida). Prestes a completar 92 anos, dona Maria é frenquentadora assídua da unidade e gosta de ler todos os tipos de livros, preferencialmente obras de suspense e policiais. “Esses temas me prendem mais a atenção. Acho que é porque têm muito a ver com nosso cotidiano”.
Quando perguntada sobre seus autores preferidos, dona Maria é rápida, com dois eleitos: Agatha Christie e Sidney Sheldon, dizendo que leu todas obras feitas desses nomes. Apesar da predileção, a aposentada fez uma crítica ao escritor americano. “Tem algumas porcarias, mas todo mundo erra”, sentencia, arrancando gargalhadas das pessoas à volta dela.
Atualmente lendo de dois a três livros por semana, a sede por conhecimento da idosa não se limita apenas aos livros. Jornais, coleções e revistas também não escapam dos seus olhos vividos. “Gosto das revistas semanais de notícia, mas de uns tempo para cá, comecei a ler revistas de fofoca. Fofoca também faz parte da vida e sempre rende boas conversas”, diverte-se.
E foi justamente a facilidade de comunicação e sua paixão por leitura que chamou a atenção da funcionária pública Eliana Cuqui, assim que começou a trabalhar na Biblioteca Mário Faria, há cinco anos. “Não há como não se encantar com a dona Maria. Ele está sempre antenada a tudo, sempre atualizada”. A responsável pela biblioteca conta que uma vez,um grupo de estudantes visitou a biblioteca e ela fez questão de apresentar dona Maria aos alunos. “Ela é uma inspiração para todos nós. Os estudantes a adoraram”.
Obstáculo
A convivência entre as duas amigas enfrentou um grande desafio há um ano. Com um tumor no joelho esquerdo, dona Maria teve de ser internada em uma casa de repouso e ficou impossibilitada de frequentar a biblioteca, retirar livros e ver sua amiga. Coube então a Eliana a missão de levar publicações à clinica, para manter viva a paixão de dona Maria pelos livros e fortalecer ainda mais a amizade entre as duas.
“A Eliana é um anjo da guarda. Hoje só leio livros indicados por ela”, destacando os últimos títulos sugeridos pela amiga: Os Catadores de Conchas, de Rosamunde Pilcher; A Menina que Não Sabia Ler, de John Harding; e O Garoto do Convés, de John Boyne, este a mais recente sugestão.
Alimento para vida
Nascida em Santos e em uma família de 12 irmãos, dona Maria conta que a paixão pela leitura nasceu quando se casou em 1949. “Meu falecido marido tinha o hábito de ler o jornal todos os dias. Na época, eu trabalhava como merendeira e a leitura sempre me trazia coisas novas”. Atualmente, ela conta que usa os livros quase como uma terapia. “Foi a forma que encontrei para minha cabeça funcionar melhor, não há espaço para pensar em doença”.
Fã ardorosa do Rei Pelé e torcedora do Santos FC, sua outra grande paixão, a aposentada define a leitura como “um alimento para vida”, e já deixou uma inusitada missão para amiga Eliana. “Quando eu morrer, quero que ela coloque um livro dentro do meu caixão. Quero chegar no céu lendo”.