A Prefeitura de Guarujá apresentou, na última quinta-feira (7), na Capital, propostas para garantir melhor fluidez no trânsito, considerando o projeto da ligação seca (túnel Guarujá-Santos). No estudo técnico, recebido pelo titular da Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado, Rafael Benini, estão destacados pontos de atenção e sugestões para segregar o fluxo de veículos leves dos pesados e possibilitar que a malha viária comporte a futura demanda.

A apresentação foi realizada pelos secretários municipais Polliana Iamonti (Planejamento) e Adilson de Jesus (Infraestrutura e Obras). A expectativa é de que o Governo Estadual considere o pleito de conectar a via de chegada do túnel até a Rodovia Cônego Domênico Rangoni. “Propusemos mitigações visando reduzir os possíveis ônus urbanos que ficariam para Guarujá. Apresentamos propostas da Administração Municipal”, relata a secretária.

Um dos pontos contestados pela Administração é a proposta estadual de viaduto com trânsito de caminhões sobre a Praça 14 Bis. “Independentemente de seu desenho, em linha com as atuais práticas de desenho urbano e urbanismo adotadas em todo o mundo, não é cabível a construção de uma infraestrutura elevada em uma área de urbanização consolidada”, justifica o documento, reiterando que a Prefeitura de Guarujá já havia se posicionado sobre o assunto, optando por uma passagem subterrânea na altura da 14 Bis.

O direcionamento do fluxo de caminhões provenientes do Porto para a Avenida Presidente Vargas é o item quatro do estudo apresentado ao Estado. A proposta atual não prevê ligação do túnel com a Rodovia Cônego Domênico Rangoni nem com a Avenida Perimetral na margem esquerda do Porto, em Vicente de Carvalho.

Proposta de traçado

A Administração Municipal é contra a proposta de traçado sem as demais conexões viárias, à Avenida Presidente Vargas, que não tem capacidade para tanto e passaria a concentrar grande parte do fluxo de caminhões previsto para o túnel (4.409 por dia ou 180 caminhões por hora), levando a um aumento de acidentes como atropelamentos de ciclistas e pedestres na via. Além disso, a via está em uma região de urbanização consolidada, com uso residencial, comercial e de serviços, e possui uma função urbana estratégica de ligação do Aeroporto de Guarujá com a Rodovia Cônego Domênico Rangoni.

A Secretaria Municipal de Planejamento desenvolveu ainda um projeto funcional com opções para direcionamento do fluxo de caminhões provenientes do Porto. A proposta consiste em realizar o prolongamento do túnel e trechos abertos (trincheira) e fechados (túnel) por meio de Vicente de Carvalho, sem eliminar as travessias existentes, de modo a se alcançar áreas do futuro Aeroporto Metropolitano de Guarujá, onde se propõe um sistema viário de acesso à Rodovia Cônego Domênico Rangoni, em trevo, que fará a futura ligação com viário da área do retroporto.

A Prefeitura de Guarujá sugere ainda a adoção de pedágio com o sistema Free-Flow, onde a cobrança é feita por câmeras inteligentes, de maneira automática pelo sistema de TAGs ou via aplicativo da operadora. A proposta de um pedágio sem cabines é tecnicamente viável e pode ser locada em qualquer ponto do túnel, além de viabilizar múltiplos acessos, sem a necessidade de alargamentos viários, possibilitando uma trincheira mais enxuta e econômica, inclusive com mais de um sentido de cobrança.

Município planeja integração com VLT

Uma das propostas é a previsão de ramal do sistema do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), operada atualmente pela BR Mobilidade. A proposta é de que ele percorra o túnel e integre Guarujá a Santos de forma ágil, sem a necessidade de caminhada entre estações. O assunto deverá passar por discussão das possibilidades de traçado com a BR Mobilidade e EMTU.

Estão previstas, ainda, ao menos duas estações de VLT no lado Guarujá, sendo uma na Praça 14 Bis, centro da vida cultural e comercial de Vicente de Carvalho, e outra nas proximidades do Terminal de Passageiros do Aeroporto Metropolitano de Guarujá, que iniciou a sua primeira fase de obras neste mês.

“Queremos contribuir com estudos, sugestões e projetos para que Guarujá não fique apenas com o ônus da importante construção que teremos, que é o Túnel Guarujá-Santos. Acreditamos que o planejamento, focado no desenvolvimento sustentável, é o melhor caminho para nos prepararmos adequadamente para essa grande mudança”, conclui Polliana.