Na calada da madrugada, um crime silencioso feriu não só a segurança de um dos espaços mais queridos de Santos, mas também o que ele representa: o cuidado, a educação ambiental e a preservação da vida.

Dois gaviões, dois papagaios, uma maritaca e um falcão foram levados do hospital veterinário do Orquidário Municipal. Não eram apenas aves — eram seres em recuperação, sob cuidado humano, vivendo um processo de cura.

Esses animais não estavam ali por acaso. Muitos deles resgatados de situações de maus-tratos ou ferimentos. Tinham nomes, histórias, e recebiam atenção especial de biólogos, veterinários e tratadores. Tirá-los dali é mais que um crime: é romper um vínculo de cuidado e confiança.

Uma faca e uma luva usadas no manejo dos animais foram encontradas no local — indícios de um furto planejado. O crime se soma a outro ocorrido no ano passado, quando um papagaio-de-cara-roxa e três saguis também foram levados, mas recuperados dias depois.

Mas por que isso dói tanto?

Porque o Orquidário não é só um ponto turístico. Ele é um santuário urbano, um espaço de convivência com a fauna, uma oportunidade rara para que crianças vejam de perto aquilo que só conheciam dos livros. Um lugar onde a cidade encontra a natureza e aprende a respeitá-la.

E quando alguém entra ali para ferir esse equilíbrio, todos nós perdemos um pouco da esperança em tempos melhores.

A Prefeitura já iniciou reparos e reforços na segurança. A investigação está em curso, com imagens do videomonitoramento sendo analisadas pela polícia. Há a suspeita de que adolescentes observavam as áreas restritas dias antes do crime.