Na foto, assembleia do Sintracomos que aprovou, semana passada, um dos mais importantes acordos coletivos da região

Seis dias antes de completar 83 anos, na segunda-feira (30), o sindicato dos trabalhadores na construção civil, montagem e manutenção industrial de Santos e região recebeu um presente especial de sua diretoria. Não foi uma placa comemorativa, um busto de bronze dos fundadores nem um buquê de flores. Foi, na terça-feira da semana passada, mais uma vitória em campanha salarial no polo das indústrias de Cubatão. Os quase 1 mil operários terceirizados em atividade na Usiminas aprovaram o acordo coletivo de trabalho para a data-base de agosto negociado exaustivamente pela direção do Sintracomos.

Presidente se diz “abençoado”

Em assembleia, eles ratificaram o reajuste de 9,85% nos salários e benefícios. Mantiveram as cláusulas econômicas e sociais do acordo anterior, entre elas o plano de saúde, seguro de vida e folga na terça-feira de carnaval. “Foi uma comemoração antecipada dessas décadas de lutas”, diz o presidente da entidade, Ramilson Manoel Elói. “Muitas outras conquistas e celebrações virão, com a atual e futuras diretorias”. O sindicalista, cristão, sente-se “abençoado” por substituir o presidente ‘Macaé’ Marcos Braz de Oliveira, morto por covid-19, em 17 de maio. E diz ser “uma tarefa difícil substituí-lo com a mesma competência”.

Muitas felicitações

“O companheiro tinha muitos anos de experiência, muitas campanhas salariais nas costas, muitas vitórias”, diz Ramilson. “Não fosse a pandemia, muito teria ainda para nos ensinar”. No dia do aniversário e nos que o antecederam, o presidente recebeu muitas felicitações de colegas de diretoria e de trabalhadores das diversas bases profissionais do sindicato. “Isso mostra que estamos correspondendo às expectativas e que Macaé teria orgulho de nos ver atuando, continuando a sua obra, embora não de forma tão exemplar quando a dele”, diz o presidente.

Cumprir o destino

Fundado em 30 de agosto de 1938, no começo do ‘estado novo’ de Getúlio Vargas, época de criação da maioria dos sindicatos brasileiros, o Sintracomos foi até recentemente o maior da região. A recessão que atingiu violentamente a construção civil e as atividades industriais nos últimos anos, porém, aliada à reforma trabalhista do governo Temer, diminui a potencialidade do sindicato. Ele, que já representou cerca de 60 mil trabalhadores em seus melhores momentos, hoje não chega a 10 mil. Mas Ramilson acredita que o Brasil haverá de cumprir seu destino de grande nação.

Grandiosidade haverá de voltar

“E a nossa categoria aqui está e aqui estará para meter a mão no trabalho do desenvolvimento, livre da exploração do sistema financeiro nacional e internacional”, diz o dirigente. Com sede em Santos e subsedes próprias em Cubatão, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Bertioga, o sindicato mantém sua estrutura para os “momentos de grandiosidade que voltarão”, diz Ramilson. “Desde o começo do desenvolvimento industrial de Cubatão, participamos da construção de fábricas e prédios, com forte organização sindical”, lembra.

Superar a degradação

“Nossa entidade adquiriu muita força a partir do momento em que passou a representar, além dos trabalhadores de construção predial, os de montagem e manutenção industrial”. Ramilson tem esperanças de que “o país irá superar a atual fase de degradação econômica” e de que o Sintracomos “haverá de comemorar os futuros aniversários de maneira mais efusiva”. “Somos o país mais rico do mundo, com abundância em alimentos, recursos minerais, petróleo e um povo maravilhoso. O que nos atrapalha é a classe dominante subserviente ao capital estrangeiro”, finaliza.